Psicologia das Massas e Análise do Eu

Psicologia das Massas e Análise do Eu

A Psicologia das Massas e Análise do Eu, obra fundamental de Sigmund Freud, publicada em 1921, permanece uma referência crucial para compreender a dinâmica psíquica dos grupos e a formação do eu. Ao investigar como as massas se formam e se mantêm, Freud revela a complexa interação entre o indivíduo e o coletivo, sublinhando a importância do líder como um objeto idealizado que encarna o *falo simbólico*.

A Formação das Massas e o Papel do Líder

Freud descreve a formação das massas como um processo no qual os indivíduos se unem em torno de um líder, estabelecendo uma relação libidinal com ele. Esse líder funciona como um *objeto a*, um objeto parcial que encarna o desejo do grupo. A *pulsão* de cada indivíduo é, assim, canalizada para o líder, promovendo uma espécie de *gozo* coletivo. Além disso, o líder simboliza o *Outro (A)*, uma instância que transcende o indivíduo e instaura uma ordem simbólica.

A Estruturação do Eu e o Recalque

A análise do eu, por sua vez, é central para a compreensão da forma como o sujeito se estrutura psiquicamente. O *recalque* emerge como um mecanismo fundamental para lidar com os conflitos entre as exigências do *Id* e as demandas do *Supereu*. Esse processo de recalcamento é essencial para a manutenção da *das Ding*, o *coisa*, que representa o núcleo duro do real que o sujeito não pode simbolizar. A angústia, longe de ser mero afeto, é sinal do *real lacaniano*, uma fissura na estrutura simbólica que o sujeito habita.

Implicações Clínicas e Sociais

Um analisante que insiste no fantasma *‘ser o falo da mãe’* revela uma profunda ancoragem na *imagem*, tal como discutido no *estádio do espelho* de Lacan. Esse tipo de configuração psíquica ilustra como o *significante-mestre* pode exercer um controle hegemônico sobre o sujeito, conduzindo-o a uma espécie de *alienação*. Ademais, a compulsão contemporânea ao consumo escancara a lógica do *plus-de-jouir*, um excesso de gozo que permeia a sociedade capitalista.

Conclusão

A Psicologia das Massas e Análise do Eu de Freud nos permite uma compreensão mais profunda das dinâmicas grupais e da estruturação psíquica dos indivíduos. Ao articular essas teorias com a clínica psicanalítica, podemos vislumbrar caminhos para uma intervenção mais eficaz, que considere a complexidade do *inconsciente coletivo* e as *pulsões* que o atravessam.

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Psicanalista Marlon Nunes

Ressignificação do sujeito através da psicanálise e da linguagem.

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Psicanálise
Doutorando e mestre em Estudos de Linguagens pelo CEFET/MG, com formação em psicanálise pela ABRAFP. É membro da Ordem Nacional dos Psicanalistas (ONP) e do Conselho Brasileiro de Psicanálise Clínica (CBPC). Coordena o projeto de extensão “Apoio a Docentes via Linguagem e Psicanálise” no CEFET/MG, além de integrar importantes grupos de pesquisa, como o Infortec-Posling-Cefet/MG, o Núcleo de Pesquisa Geografia Anticolonial da UFU e o Grupo de Pesquisa Letramento de Percurso da UERGS. Autor de livros que investigam a relação entre tecnologia, psicanálise e a construção do sujeito, suas obras incluem títulos como “O Corpo Hiper-Real em Crash e a Festa Tecnológica” e “Fragmentos Humanos”, abordando desde a sedução tecnológica até questões existenciais e sociais

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